domingo, 5 de setembro de 2010

DUAS NEGRINHAS

em tempos passados corria
pelas ruas duas negrinhas
uma magra outra gordinha
uma feliz e sorridente outra triste
e dependente por ser falsa e conveniente
e assim a vida passa e as duas negrinhas
passam pela vida falsa estridente
e o canto no canto encanta e falseia
enquanto a alma semeia a discordia
e desfaz a beleza e enfeia
o que era belo e leve fica duro e pesado
e segue cantando a magra e a gorda feliz
sorridente entre dentes maldiz infeliz
a musa do Buarque que nada diz apenas
assiste com a pena em riste o triste
desfecho de tal disparate do mercado
do pretenso amor e a antiga profissao
rola solta em altas rodas e medias rodas
mantendo mundogirando e os cavaleiros andando
as negrinhas caminham e correm rua acima rua abaixo
buscam luz sucesso amor vendavel triste ilusao
de almas perdidas nas noites e nas bebidas sem
lares sem rumo buscam a si mesmas e mentem a todos
o sexo em exagero enfadonha e maltrata a mais fraca
mas o jogo precisa continuar o show continua luzes
no palco atrizes em cena duas negrinhas uma magrinha
uma gordinha e o talento de ambas qual sera por onde
se perderam e onde se encontram para onde seguem elas
sentem medo e juntas se fortalecem a mentira de uma
a loucura de outra a ilusao de ser amada e de amar tamanha
que enceguera as duas negrinhas rotas de carencias ambas
loucas por ternura por amor de verdade elas apenas trocam
falsos amores falsos toques falso carinho e morrem de amor
a magra e a gorda as negrinhas de minha cidade carentes de amor...
BEATRIZ PEREZ

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